Romy Schneider, após cinco filmes de enorme sucesso encarnando Sissi (a imperatriz Elisabeth- da Áustria) no cinema, teve alguma dificuldade em se separar desta imagem, mas com seu talento genuíno acabou por se impor como atriz universal. Ao ser convidada, em 1958, para fazer o filme Christine com Alain Delon, a mãe, já uma reputada atriz acompanhou-a a Paris, vigiando-a de perto. Como Romy não sabia francês nem inglês, os primeiros tempos das filmagens não foram nada fáceis e sabe-se que o amor entre Romy e Delon só surgiu quando as filmagens seguiam adiantadas e quando puderam finalmente ficar a sós numa viagem que fizeram a Bruxelas para participarem de um baile. Romy,totalmente apaixonada e num ato de independência, decidiu passar a viver em Paris. Ela tinha 20 anos e Alain Delon, 23 e durante anos os fotógrafos não os deixaram em paz. Nesse período de euforia amorosa, os «namorados eternos» chegaram a declarar-se noivos em março de 1959,mas jamais se casariam. Foram o par mais harmonioso e bonito do cinema europeu.
Sob a direcção de Visconti, uma obra de John Ford com Romy e Delon foi adaptada ao teatro, em Paris, na primavera de 1961: Domage qu’elle soit une putain. Mais um desafio para Romy, que teve de dominar o francês e foi um razoável sucesso, tendo
ficado em cartaz por oito meses. A partir daí,Romy passou a ser encarada como uma verdadeira atriz e não faltaram convites para filmar. A ex-Sissi fez questão de mostrar ao mundo que era muito mais que uma
mulher deslumbrante, de uma beleza delicada, com uns olhos entre o verde e o azul num rosto perfeito, uma voz doce e um corpo de Afrodite. Em 1963, já tinha dez filmes no seu currículo, pois iniciara a carreira aos 15 anos, num filme ao lado da mãe. Embora austríaca filmou também na Alemanha, em início de carreira.Paris sorria-lhe.Era elegantíssima, dentro e fora da tela. A grande dama da moda, Coco Chanel adorava ver Romy vestida com os seus tailleurs e colares de pérolas e ficaram amigas.
O diretor Visconti tornou-a um símbolo sexual, num episódio do filme Bocaccio 70. No ano seguinte, Romy filmou O Processo, de Kafka com Orson Welles.Em 1963, foi a vez de Otto Preminger que consolidou a sua carreira de grande atriz internacional no filme O Cardeal. Foi dirigida pelos mais prestigiados diretores,tais como Claude Sautet, Claude Chabrol, Joseph Losey, Costa-Gavras. Andrzej Zulawski e tantos outros. E os atores, com as quais contracenou, eram, sem dúvida «a nata» do cinema mundial: Jack Lemmon, Antony Quinn, Jean Claude Brialy, Jean-Louis Trintignant, Peter O’Toole, Michel Piccoli, Antony Perkins, Harvey
Keitel, Hugo Tognazi, Marcello Mastroianni, Yves Montant, Richard Burton, Silvana Mangano, Jane Birkin, Isabel Huppert, Jeanne Maureau…O seu filme de maior sucesso foi A Piscina, de 1968. Nessa altura, sua tórrida relação de 5 anos com Alain Delon (entre 1958-1963) havia terminado, mas Romy não deixou de mostrar o seu profissionalismo, embora especulassem que o filme os podia fazer de novo cair nos braços um do outro. Mas tal não aconteceu. Sabe-se que Romy sofreu muito quando Alain Delon a trocou por uma tal Nathalie Barthelemy.Ela filmava em Hollywood e Delon em Madrid rodava A Tulipa Negra e deixava-se fotografar com Nathalie com quem viria a casar. Romy, um pouco por despeito, casou em 1964, com o diretor Harry Mayen. Com ele teve o filho David, esse filho adorado que viria a marcar,até ao fim, a sua vida.Divorciaram-se em 1972 e seu marido exigiu-lhe metade de sua fortuna para que ficasse com a guarda da criança. Harry, cinco anos mais tarde, suicidou-se. A vida,, apesar de tudo, sorria à bela Romy, que fez entre 1953 e 1982 sessenta e três filmes. De um segundo casamento com o seu secretário, Daniel Biasini, teve a filha Sara, em 1977. Mas Biasini não terá sido o companheiro ideal para uma Romy bastante fragilizada no domínio dos amores. Sucesso no cinema,na vida privada Romy sofria de depressão e sabe-se que se refugiava no álcool e comprimidos e que parava para fazer curas de desintoxicação. O cinema e os filhos davam-lhe sentido à vida.Por fim a tragédia. Como na vida da imperatriz Sissi, que viu o seu filho Rodolfo suicidar-se com a amante do momento (hoje sabe-se que foram assassinados),também Romy passou pelo transe de ver o filho David morrer de forma trágica, espetado nas lanças do gradeamento que protegia a casa da atriz. Estava-se em 1981 e David tinha apenas 14 anos. Romy Schneider não mais se recompôs dessa dor insuportável. Tinha a filha Sara, ainda muito pequena e resolveu comprar uma propriedade e ir viver no campo. Já separada de Biasini e com um novo companheiro, passou a viver em Boissy-Sans-Avon e numa manhã triste de maio de 1982 a encontraram morta. Tinha 43 anos. O mundo ficou consternado . A França , que sempre considerou Romy Scnheider como «sua», em 1995 fez a emissão de uma moeda de ouro de cem francos com o seu rosto.
Em Dezembro de 1999 a Fígaro Magazine fez uma grande pesquisa sobre as dez mais belas mulheres do século XX e Romy Schneider ficou em primeiro lugar, logo seguida de Ava Gardner.
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